Pai... Para não dizer que não falei de Flores,
Afasta de mim este grito.
Por Sandra Braconnot
Ouviram de um povo sofrido um brado anestesiante: Gol do Brasil! Gol da nossa mãe
gentil!... E, neste instante, resplandecente, o sol da ilusão vai cegar com seus
raios fulgidos os filhos desta mãe gentil, da terra adorada, idolatrada, mais
garrida entre e outras mil, na nossa pátria amada Brasil.
É... Mas eis que uma alegria assim pungente fará muitos filhos
deste solo chorar pelas “Clarisses e Marias”, de ontem e de hoje, e por todo o sangue dos inocentes que cobre
nossos lindos campos repletos de balas perdidas e achadas que comprovam que
nossas glórias do passado, não garantiram a paz do futuro. E os que conseguirem
ficar lúcidos não fugirão da luta e nem temerão a própria morte até que a
justiça erga a clava forte.
Terra amada Brasil! Brasil cujos campos têm mais vida e é gigante
pela própria natureza. Belo, forte e colossal. Impávido? Teu futuro espelha essa grandeza? Não acredito
mais...
Não mais porque o “penhor” da igualdade já venceu e foi
leiloado; porque não conseguimos conquistar a verdadeira liberdade e hoje o que
desafia a nossa morte é o dia a dia, nas ruas, nos bancos, nos hospitais, nas
escolas, nos carros, ônibus e nas nossas casas. E a nossa esperança torturada
vem descendo a rampa bamba do congresso tentando se equilibrar segurando uma
sombrinha em uma mão e na outra um cálice de vinho tinto de sangue, caminhando
sem lenço e sem documento rumo à copa.
Desperte Brasil. Levante do berço esplêndido e lance um grito
desumano até ser escutado, e mesmo atordoado com o barulho das torcidas nas
arquibancadas, que silencia a consciência, permaneça atento quando emergir o
monstro da lagoa.
Pai... Afasta de nós, povo sofrido, esse brado retumbantemente anestesiante:
Gol do Brasil!