sábado, 11 de abril de 2009

BELEZAS ESQUECIDAS, NÃO PERCEBIDAS E DESCONHECIDAS

Conhecida popularmente como "favela"






Gente... estou amando o Curso de Jornalismo e Políticas Públicas e Sociais, que estou fazendo na Federal.
Na última aula, o tema foi tão interessante que eu escrevi sobre ela.
Confiram:



Por Sandra Braconnot

Não nasci, não cresci e nem vivi em uma favela. Minhas vivências se limitam a algumas situações específicas como às coberturas que fiz nos morros do Juramento - na época do Escadinha -, do Borel, Macacos, Salgueiro e outros que nem me lembro, nos tempos de Repórter Policial da Rádio Tupi. Mas não foi só a criminalidade que me levou aos morros cariocas: as tragédias também. Lembro-me de um desmoronamento ocorrido, no final dos anos 80, no dia de Natal, no Pavão e Pavãozinho. Muitos moradores morreram e eu acompanhei in locum o trabalho dos bombeiros. A expressão facial (de um horror vivo) das vítimas resgatadas permanece até hoje muito nítida em minha memória. "Subi" outras vezes para prestar "assistência espiritual aos sofredores" e distribuir um "kit-sobrevivência". Também tive outra experiência em (já) "comunidade": ministrei palestras sobre valores familiares para pais, na Escola Municipal Chácara do Céu, no alto do Morro do Borel. Namorei um Projeto Social no Turano, mas não "casei". Com esses blocos cognitivos e outros adquiridos pela mídia e a rádio povo é que cheguei à aula de hoje do curso JPPS cujo tema "Comunicação Popular e Anti-hegemônica e Políticas Públicas" seria abordado em uma mesa redonda-retangular reunindo alguns nomes (para mim) conhecidos e outros não.

Quantas surpresas me aguardavam!

Em sua fala, José Roberto Ripper (um dos nomes que já conhecia) - fotógrafo, Observatório de Favelas e do Projeto Fotógrafos Populares da Maré - disparou uma frase que atingiu o meu coração e, creio, de alguns presentes: "Como tem beleza esquecida nas áreas menos favorecidas! É preciso mostrar a Favela pela ótica dos moradores".Sinceramente, nunca tinha parado para pensar sobre isso. Ampliando a reflexão, fiquei matutando com os meus botões sobre as belezas não percebidas e as desconhecidas além das esquecidas que existem nas comunidades. Com certeza devem ir muito além das vistas paradisíacas mostradas nas revistas-de-domingo. Maurício da Hora, Ripper e Guilhermo que o digam. Ou melhor: que nos mostrem!Dentre tantas coisas que nem sabia que não sabia e fiquei sabendo, um dado me chamou muito a atenção: no Complexo da Maré existem 16 favelas!!! Dezesseis! E eu quis saber como a Renata Souza, do Jornal O Cidadão, faz para poder agradar aos gregos, troianos comandos, tráfico e milícias. "É um dos nossos grandes desafios, mas com sabedoria nós conseguimos!" - explicou ela.

Quem me conhece sabe que eu sou apaixonada pelas flores naturais e a reboque as plantas. E há décadas (mais de três) venho pesquisando as características, curiosidades e inteligência desses seres tão especiais. Adorei o resgate histórico feito pelo Maurício da Hora, explicando a origem do nome favela.. Já pautei para pesquisar sobre a espinhosa planta chamada favela que nascia nas encostas dos morros. Será que a favela dá flor? - vou procurar saber.

O que já descobri é que a "favela" é uma planta que pega em qualquer terreno, dos alagados à seca do sertão e que nem geada, pragas ou insetos conseguem destruir. E ainda tem uns mistérios: Se você tocar nela, ela solta um líquido que te queima a mão, mas à noite ela orvalha! (De qual "favela" estamos falando????)A favela - a planta - tornou-se conhecida graças ao cientista brasileiro, Dr. Luiz C. Pimentel, que a conheceu quando fazia um passeio de estudos científico nas regiões vizinhas a Uauá e da antiga região de Canudos (berço das Favelas no Brasil). A partir daí, começou a estudá-la com amor. Cnidoscolus Phyllancatus é o seu nome científico. Leiam mais no link ubirajarando favela: planta poderosa.


Obrigada Ripper, Renata, Cláudia e Maurício e Guilhermo por compartilharem conosco suas experiências e saberes. Obrigada por me mostrar como olhar diferente para a mesma coisa e me fazer pensar sobre as belezas esquecidas, não percebidas e desconhecidas das favelas, das relações e da vida!

Sandra Braconnot é jornalista, consultora, psicodramatista, trainer em Programação Neurolinguistica. (www.sandrabraconnot.com.br e asfloresensinam.blogspot.com
tags: Rio de Janeiro RJ cultura-e-sociedade sandra braconnot favela

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